Dan Brown no CCB - Apresentação do livro "Origem"


A equipa do Café Mais Geek fez uma viagem de quase 500 quilómetros, ida e volta, para poder estar presente na apresentação do novo livro de Dan Brown. O autor esteve pela primeira vez em Portugal para apresentar o seu último livro, vindo directamente de Frankfurt. O Grande Auditório do Centro Cultural de Belém (CCB) esgotou para receber o escritor norte-americano. Foi um pedaço de tarde muito bem passado, com muitas gargalhadas à mistura e saímos de lá com uma certeza: se Dan Brown não fosse escritor, seria um ótimo humorista!


Mas vamos por partes! Chegámos ao CCB às 15 horas, não havia muita confusão. Como faltava uma hora para abrir as portas fomos percorrer o espaço. Quando chegou a hora de entrar para o CCB, instalou-se a confusão. As portas do auditório eram para ser abertas às 16h30 e só abriram às 16h50. As pessoas começaram a ficar saturadas e aborrecidas. A organização na entrada não foi a melhor e infelizmente começámos com alguns problemas que foram esquecidos quando entrámos no auditório.


Numa primeira parte, Dan Brown falou sobre a sua infância e sobre o ambiente familiar no qual cresceu. Se por um lado tinha a mãe, uma cristã que tocava órgão na igreja, diretora do coro e a matrícula do seu carro dizia "KYRIE", que significa Deus, no outro lado, tinha a presença do pai, professor e autor de livros de matemática que tinha outras crenças, muito mais científicas, e na matrícula do seu carro tinha "METRIC".


Foi assim que Dan Brown cresceu, um lado a religião, no outro a ciência. Uma casa, que apesar das diferenças ideológicas, vivia em harmonia e o escritor garantiu que sempre foi muito feliz na sua casa de infância e que os seus pais sempre estiveram disponíveis para discutir qualquer tipo de assunto, fosse religioso, fosse sobre matemática e ciências. Mas o escritor, conforme foi crescendo e tendo noção da realidade, foi-se afastando de Deus. Dan Brown ainda relatou que quando tinha nove anos, começou a perceber as contradições que existia entre a ciência e a religião. Sendo uma criança curiosa, perguntou a um padre qual das duas crenças era a verdadeira, se era Darwin ou a fé, e ele respondeu-lhe que "bons rapazes não fazem esse tipo de perguntas." E Dan Brown fez aquilo que todas as crianças de nove anos fazem, começou a fazer aquela pergunta.


É neste novo livro "Origem" que Dan Brown se questiona se Deus irá sobreviver à Ciência. Esta relação entre a religião e a ciência já é abordada nos outros livros do escritor. Foi em 2003 com o romance "O Código Da Vinci" que tornou Dan Brown um autor de renome e conhecido pelo público. O escritor foi fortemente criticado por questionar temas que são bastante delicados, mas Dan Brown garante que o seu objetivo principal ao escrever os livros é de criar um diálogo, de ser possível falar com pessoas que tenham crenças e pontos de vistas diferentes, tal com acontecia na casa em que cresceu.

Dan Brown afirmou que as religiões e as crenças sempre foram algo muito importante, que sempre se mantiveram consistentes ao longo do tempo, e no outro lado da moeda temos a Ciência que muda a cada minuto que passa. A ciência e a tecnologia avançam de uma maneira que nós nem somos capaz de acompanhar esta mudança. O paradoxo que existe entre as duas vertentes faz com que o escritor se questione sobre o futuro das religiões porque "não há nada no nosso ADN que pré-determine as nossas crenças.
“O mundo está a ficar cada vez mais pequeno e agora, mais do que nunca, há esta crença de que somos infalíveis. Para a sobrevivência da nossa espécie, é crucial que vivamos com uma mente aberta, que nos eduquemos, que façamos perguntas difíceis e que dialoguemos, principalmente com pessoas que não pensam como nós. O que nos trouxe aqui, a este espaço, foram os livros, esses artefactos mágicos que atravessam barreiras. A todos vós, que gostam de livros, muito obrigado.”
Na segunda parte, foi dada a oportunidade ao público para colocar algumas questões a Dan Brown. Todos os seus romances têm um país diferente como pano de fundo. E a pergunta tinha que ser feita: quando um livro centrado em Portugal? E a resposta foi: "Sim, já pensei em escrever um livro que se passe em Portugal. É curioso, porque sempre pensei que um nome maravilhoso para o livro seria "Sintra's Cipher". O público delirou com a resposta! Também ficámos a saber que os direitos de autor de "Origem" já foram vendidos e por isso, podemos esperar pelo filme.


Também foi questionado quando é que lançava o próximo livro. Dan Brown ficou em choque, pediu à pessoa que tinha feito a pergunta para se levantar e no meio da audiência uma mulher levanta-se e é interrogada pelo próprio Dan Brown: "Tem filhos? Então imagine que teve um filho há dez minutos. Está na cama do hospital, com o seu recém-nascido ao colo, quando o seu marido entra e lhe pergunta: Querida, quando é que podemos ter o próximo?". Com esta resposta, o público gargalhou. A verdade é que o livro só saiu há pouco mais de uma semana e Dan Brown merece algum tempo de descanso.


Quando questionado pelas suas crenças, o autor admite que já não acredita no Deus da sua infância mas que acredita que existe qualquer coisa maior. Diz que não lhe vai dar um nome mas que vai continuar a procurar e a questionar.  Dan Brown acredita que se a religião não se envolver e se não avançar no tempo que vai acabar por se extinguir.


Por aqui, o livro ainda não foi lido mas será! Dan Brown tornou-se um autor de eleição no Café Mais Geek. Eu li o "O Código de Da Vinci" tinha 12 ou 13 anos, não me recordo, mas lembro-me que não larguei o livro até o acabar. Valeu a pena a viagem até Belém, os quilômetros feitos e a presença, simpatia e o humor de Dan Brown compensou qualquer tipo de problema e confusão que tivemos na entrada do evento. Temos que agradecer os convites à Bertrand Editora, que nos permitiu ficar na Plateia e nas filas da frente do auditório.
Os primeiros humanos demoraram mais de um milhão de anos desde a descoberta do fogo até à invenção da roda. E demoraram apenas uns milhares de anos a inventar a imprensa. E uns séculos a construir o telescópio. Nos séculos seguintes, a espaço de tempo cada vez mais curtos, fomos do motor a vapor para o motor de combustão, para os naves espaciais! E depois demorámos apenas duas décadas a começar a modificar o nosso ADN!

Cristiana Ramos
Escrito por:

Dividida entre o mundo da Ciência e o mundo Geek. Viciada em livros e viagens. Espectadora assídua no cinema, especialmente se aparecer um certo Deus com cabelos loiros. Adora filmes de terror. Louca por cães, mas eles são tão fofos! Romântica incurável (apesar de não admitir). Fã de Friends e Big Bang Theory.

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